quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MANUAL DE CAMBRIDGE PARA ESTUDOS JUNGUIANOS

Carl Gustav Jung, um dos fundadores da psicanálise, rompeu com Freud e desenvolveu suas próprias teorias, chamando-as de "psicologia analítica". Este manual situa Jung no contexto de seu próprio tempo, delineia a prática e a teoria da psicologia junguiana na atualidade e mostra como os junguianos continuam a questionar e desenvolver seu pensamento para adaptá-lo ao mundo pós-moderno multicultural da psicanálise contemporânea.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O PAI E A PSIQUE

Quase toda a psicologia profunda tem como fundamento a relação da criança com a mãe. Pouco ou quase nada se fala do pai e de sua função arquetípica na vida psíquica, exceto pela menção de seu papel na consecução de um Eu heróico a partir da adolescência. Todavia, será que o papel do pai é apenas a exterioridade, o ethos e a lei?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Algumas discussões sobre O ABUSO DO PODER NA PSICOTERAPIA - e na medicina, serviço social, sacerdócio e magistério.

(Parte da Vivência e Reflexão: Cuidando de quem Cuida ministrada no evento O CUIDADOR E SEU PACIENTE: ALGUNS PONTOS DE VISTA E CONSIDERAÇÕES, realizada na Universidade Estadual de Maringá)
Onipotência na área da saúde: o que nos dá o direito de impor uma ajuda ao outro? Quando nos relacionamos com o outro dentro de nossa perspectiva profissional, qual o mal que podemos causar involuntariamente aos nossos paciente/clientes quando nos propomos a ajudá-los? Essa é apenas uma das várias questões que o autor nos apresenta e que nos leva a encarar nossos lados sombrios.
Segundo o autor, a função que exercemos “não é salvar as pessoas ou revelar-lhes o sentido de sua vida”, o que podemos fazer é “mostrar que tanto o vazio como o sentido existem e ajudar as pessoas a suportarem serem o que são” (pg. 11).

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Figuras de Lambspring

Lampert Spring é um filósofo alemão, descendente de nobres, que escreve um tratado sobre a pedra filosofal. Neste tratado são apresentadas 15 figuras sequenciais acompanhadas de textos que nos remetem a aspectos importantes da tensão entre opostos no desenvolvimento do homem.
Seguindo os preceitos da alquimia, tentemos visualizar essas imagens sem perdermos a noção de que devemos utilizar sempre um fogo brando em nosso processo de transformação e sermos fiéis a nossos sentimentos e intuições.
Encontramos estas figuras e uma discussão sobre as mesmas em PSIQUIATRIA JUNGUIANA, livro de Heinrich Karl Fierz, já pontuado em outro momento neste blog.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O ABUSO DO PODER NA PSICOTERAPIA: E NA MEDICINA, SERVIÇO SOCIAL, SARCERDOCIO E MAGISTERIO

O ABUSO DO PODER NA PSICOTERAPIA: E NA MEDICINA, SERVIÇO SOCIAL, SARCERDOCIO E MAGISTERIOA maioria das profissões, de uma forma ou de outra, presta serviço à saúde e ao bem-estar da humanidade. Porém as atividades do médico, do padre, do professor, do psicoterapeuta e do assistente social envolvem um trabalho especializado e deliberado para ajudar os infelizes, os doentes, aqueles que de algum modo se perderam. A presente obra analisa como e por que os membros dessas profissões de ajuda podem também causar enormes danos, devido a seu próprio desejo de ajudar.
ADOLF GUGGENBUHL-CRAIG. O ABUSO DO PODER NA PSICOTERAPIA: E NA MEDICINA, SERVIÇO SOCIAL, SARCERDOCIO E MAGISTERIO - Coleção Amor e Psique, Editora Paulus, 2004. Tradução: Roberto Gambini

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Psiquiatria Junguiana

Observações psiquiátrico-analíticas repletas de preciosas intuições de um junguiano respeitado e raro terapeuta que, assim como Jung, trabalhou em psiquiatria. O livro nos apresenta uma visão da psicologia e da psiquiatria como aliadas. Interessante por descrever de forma consistente conteúdo teórico e prático da psiquiatria através da perspectiva da psicologia analítica. O autor oferece numa linguagem simples uma visão esclarecedora sobre alguns dos principais processos que se relacionam com a prática psicoterápica dentro dos hospitais psiquiátricos e no atendimento clínico. Neste sentido, o livro se torna ferramenta útil para esclarecimentos práticos e teóricos para quem atua dentro da perspectiva junguiana. Observações psiquiátrico-analíticas repletas de preciosas intuições de um junguiano respeitado e raro terapeuta que, assim como Jung, trabalhou em psiquiatria. Autor: HEINRICH KARL FIERZ  Editora: Paulus Ano: 1997

sábado, 30 de outubro de 2010

Vida e Obra: Uma memória biográfica

Várias biografias têm sido escritas sobre Carl Gustav Jung, e, devido a sua crescente fama e reconhecimento como um dos maiores cientistas do século XX, provavelmente outras virão na tentativa de contextualizar sua vida e obra. Entretanto, a família de Jung tem resistido às mais diversas pressões e não autorizou até o momento nenhuma delas. Resta-nos, portanto, procurar testemunhas fidedignas que possam fornecer dados objetivos, e, nesse sentido, Mantendo uma descrição e uma postura ética exemplares, ela descreve o mestre com sensibilidade e conhecimento, evidenciando a profunda interligação das pesquisas e desenvolvimento da teoria analítica com sua vida pessoal. Esse livro é precioso para todos aqueles que desejam conhecer empática ou cientificamente a vida desse homem complexo e criativo. O leitor, por meio das lembranças de B. Hannah, será guiado pelas complexas nuanças e riquezas da vida de um grande mestre.
Editora: Artmed  Autor: BARBARA HANNAH Ano: 2002

E POR FALAR EM JUNG...

Mauro Sérgio da Rocha
(Texto elaborado para o Grupo Pietros para aproximações iniciais sobre a teoria junguiana)

Dentro da multiplicidade de teorias e práticas existentes na psicologia encontramos grandes autores que, cada um a seu modo, tentam compreender a incrível complexidade humana. Dentre estes escritores, iremos aqui, apontar alguns conceitos e práticas que fazem parte do corpo teórico conhecido por psicologia analítica, sedimentado pelo médico psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875 – 1961).

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Constatações


DESTRUIÇÃO :
Foi há muito tempo, muito longe daqui. Havia bem mais estrelas no céu. Nós nos encontramos nas cataratas cintilantes e fomos caminhar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Leitura Prática...


DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS

ALAIN GHEERBRANT & JEAN CHEVALIER

Seria pouco dizer que vivemos num mundo de símbolos: um mundo de símbolos vive em nós. Da psicanálise à antropologia, da crítica de arte à publicidade e à propaganda ideolágica ou política, ciências, artes e técnicas tentam, cada vez mais, atualmente, decifrar a linguagem dos simbolos, não só para ampliar o campo do conhecimento e aprofundar a comunicação, como também para domar uma energia de um tipo especial, subjacente aos nossos atos, reflexos, tendências e repulsões, das quais apenas começamos a vislumbrar o extraordinário poder. Anos de reflexão e de estudos comparativos sobre um conjunto de informações reunidas por uma equipe de pesquisadores, abrangendo áreas culturais através do desenrolar da história e da extensão do povoamento humano, levaram os autores a demonstrar o caráter profundo da linguagem simbólica, tal como ela se subdivide nas camadas ocultas da nossa mente. Todos sentirão a importância deste Dicionário. Mais de 1600 artigos, entrelaçados por comparações e remissiva, muitas vezes reestruturados após longa maturação, permitem o desvendar do símbolo melhor do que a razão por seus próprios meios. Este conjunto único abre as portas do imaginário, induz o leitor a refletir sobre os símbolos.

sábado, 2 de outubro de 2010

QUEM ATUA?

2 de Outubro... Véspera de Eleições Presidencial, Estadual, e outros cargos possíveis de imaginar dentro de uma dita “Democracia Brasileira”. Interessante o fato de sermos obrigados a comparecer ao local de votação. Obrigações são democráticas?
Todavia, o que surge neste momento ultrapassa as questões ideológicas e afeta a Alma humana. Estas sugestões políticas, organizações partidárias, e todo o clima que engloba uma eleição toca questões básicas do humano. Suas crenças, suas estruturas fundamentais, psiquicamente falando, são levadas ao extremo no momento em que coloca-se em pauta a situação de escolha (mesmo essa escolha partidária).
“É um momento em que posso escolher algo para meu futuro.” Ouvi essa frase de um senhor que me pareceu não fazer muitas escolhas na vida. A pergunta que podemos fazer imediatamente a isso é: Será que estamos pensando quando e como fazemos nossas escolhas ou simplesmente somos levados pela maré?
Passeando por outros campos, porém sem sair do tema, podemos pensar e lançar hipóteses sobre quais arquétipos e/ou complexos estão ativos neste momento específico? Neste simples ato - acompanhar movimentos políticos, deixar (ou não) afetar-se pelas campanhas, defender calorosamente esse ou aquele candidato, mobilizar-se dentro deste ou daquele modo de comportamento - está contido toda uma estruturação psíquica que dá base para essa ou aquela forma de estar no mundo. Uma participação mística, diriam alguns. O complexo do poder? Uma luta titânica, poderiam dizer outros. Mas o que é esse momento para a Alma?
Nestas datas “especiais” talvez possamos visualizar algumas facetas escondidas do ser humano. Talvez nós, psi, devamos buscar o entendimento do processo eleitoral além das simples aparências partidárias. Com isso talvez possamos contribuir para o entendimento da dinâmica de alguns de nossos clientes e do social que alguns impedem de entrar no Temenos.
Entretanto... Vale pontuar... Vote com sua consciência. (Espera-se!)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

HUMANOS... SER...

Ultimamente uma questão que tem me chamado a atenção encontra-se relacionada com a ética dos indivíduos. Ética estranha, tendo em vista que ela só existe enquanto discurso e/ou quando estou sob o olhar de alguém. De outra forma, enquanto “não existe” esse outro... Para quê uma ética?
Por outro lado, o que ocorre quando faço de conta que este outro não existe? Acredito que isto esteja sendo cada vez mais freqüente em nossos dias, a não percepção do outro. Como isso acontece? Eu pergunto... Como podemos ignorar o outro dentro de nossas relações, como podemos ferí-lo sem nos preocuparmos com o que possa ocorrer. Pensemos o quanto isso torna-se grave quando encontramos essa postura entre profissionais da área da saúde. Levemos essas inquietações para nossa área psi. Já dizia Jung que só levamos nosso cliente até onde fomos... E onde fomos quando tomamos posturas inconseqüentes que levam a um sofrimento psíquico e/ou físico? Bela pergunta aos novos futuros pseudo junguianos que estão pipocando pelas cidades! Talvez estejamos enganados ao questionarmos tal tipo de atitude. Talvez pertençamos a um tempo em que havia romantismo e honra. Talvez essa seja a nova postura adaptativa da humanidade: promover a patologia através do discurso da cura. Por fim, a qual ética servimos?

segunda-feira, 29 de março de 2010

Um dia... Jungre escreveu... eu apenas li.



Perder a consciência

Cair na escuridão da mente

Deixar-se levar pelas águas

Ser deus e o diabo

Ser bom sendo mau

Fazer da vida um circo

Desordeiro, ordenado

Opostos, compostos

Chuva em dia de sol

Simples assim

Como o levantar da manhã

Quem não está assim?

Este mundo

Um tumulto invade a alma

Cria, forma, desfigura

Se reconfigura

Sim... é normal

Simplesmente normal

O mundo se enche de vazio

Salto para o abismo

Para encontrar a liberdade

Ser livre

Ser eu

Apenas EU.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Novas construções humanas...

Mauro Sérgio da Rocha

O mundo atual explicita-se de forma mais dual que antes. O homem nunca esteve tão perto e tão distante de seus iguais, ao mesmo tempo.

Encontramo-nos, pois, nesta situação, com algumas possibilidades concretas de fácil visualização, positiva e negativamente. Grosso modo, podemos perceber que o processo de globalização pode gerar uma desintegração das formas tradicionais de viver, uma exaltação radical das práticas culturais nacionais ou dar base para o surgimento de culturas híbridas nas quais processos locais e globais complementam-se. Neste sentido, notamos, cada vez mais, movimentos anti-nacionalistas, práticas discriminatórias, massificação populacional, projetos de culturas universais, entre outros. Comportamentos que refletem um estado de mudança social.

A constante interação entre variadas culturas promove o aparecimento de novas formas de ser e viver. Portanto, não podemos negar, o processo de globalização, que possui como característica básica uma interação acelerada e ininterrupta, acarreta novas práticas sociais. Pensemos nisso através de uma prática contínua e teremos, talvez, um eterno retorno ao novo. Talvez entremos em um constante processo de transformação acelerada, sem tempo para compreendermos a realidade posta. Novas exigências são postas, novas práticas, continuamente, exigidas.

Na busca por melhorias devemos, possivelmente, buscar compreender de forma clara e objetiva o funcionamento de algo constituído dentro desse mundo globalizado.

Alguns teóricos que discutem as características e conseqüências da globalização concordam que provavelmente o futuro será formado, sobretudo, por culturas cada vez mais híbridas, o que nos leva a questões que visem a compreensão desse homem inserido numa cultura em acelerada transformação que levará a uma forma singular de SER HUMANO.

Pensemos no papel da psicologia dentro dessa forma de Ser!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Sobre Mitos...

(Trecho do texto Um mito para um Junguiano de Mauro Sérgio da Rocha)

Um homem foi até as profundezas da alma em busca de conhecimento. Lá, ele simplesmente encontrou algo que o impeliu à vida. (Jungre)

Seres fantásticos, formas inimagináveis, diferenciados por suas habilidades e/ou conhecimentos, etc... etc... Assim são as personagens que povoam os mitos, lendas, contos e também fábulas. Pessoas ou animais, às vezes uma junção dos dois, que caminham ou caminharam sobre a terra e que, de alguma forma, deixaram suas marcas no imaginário humano.

Atualmente, o estudo sobre estes seres começa a alcançar importância cada vez maior, talvez pela recuperação de uma história mais antiga, talvez pela psicologia junguiana que busca uma maior compreensão da vida psíquica baseando-se, também, na compreensão do material simbólico contido nestes.

Neste sentido, teoria e fantasia podem caminhar juntas buscando e promovendo a saúde do indivíduo. Noutro ponto, a preocupação com o estudo dos mitos e as subseqüentes criações fantásticas demonstra a relação existente entre o homem e a história, uma forma de compreender seu meio e fatos de sua vida através de um mundo fantasioso.

Seguindo este caminho, ao falarmos sobre mitos, contos, lendas e outras criações que se utilizam de conteúdos simbólicos e imaginários, devemos nos ater a algumas definições tidas como populares e/ou científicas, uma vez que estas se entrelaçam e, às vezes, confundem o pesquisador pouco atento.

Se abrirmos um dicionário com certeza encontraremos uma definição que acalente nossas dúvidas.

Mito: 1. Narrativa de tempos fabulosos ou heróicos; 2. Narrativa de significação simbólica, geralmente ligada à cosmogonia, e referente a deuses encarnados das forças da natureza e/ou de aspectos da condição humana; [...] 5. Idéia falsa, sem correspondente na realidade; [...] 7. Coisa irreal, utopia[i].

Vendo dessa forma, um mito parece simples e alguns podem até pensar que ele é uma coisa tola que não merece maiores explanações. Entretanto, por quais motivos os diversos mitos, até os dias de hoje, encontram espaço num mundo globalizado e dominado pelo cientificismo? Afinal, já segundo Platão, o mito “era uma maneira de traduzir aquilo que pertence à opinião e não à certeza científica”[ii], ou seja, senso comum de pouca importância para o progresso, tendo em vista que apenas a ciência leva ao desenvolvimento – pensamento vigente em nossa sociedade tecnológica.

Permanecemos, então, na mesma questão sobre a importância atual dos mitos, de seu estudo e compreensão.

Se buscarmos na sociedade literalmente objetiva ou no modo de vida moderno pouco teremos a dizer acerca desta questão e tomaremos o mito como simples relato de uma história antiga, algo contado por um homem primitivo.

Todavia, ao aprofundarmos nossas observações às estruturas relacionadas à vida e aos movimentos produzidos pela sociedade, perceberemos que existe um algo a mais. Algo que ultrapassa a individualidade do ser humano e extrapola a simples observação. Quando chegamos a este patamar, podemos, talvez, compreender a estrutura existente por detrás do dado concreto e, neste momento, nos deparamos com um mundo simbólico muitas vezes carente de explanações.

Dessa interpretação do simbólico surge o interesse pelos mitos, uma vez que estes representam o material estruturante dos povos antigos e daqueles que estão em contato com o mundo fantástico e, podemos dizer, inconsciente.

Tomado dessa forma, o mito seria a simbolização de um intenção, ele contem em si motivos e resoluções referentes a um período ou processo histórico interno e/ou externo que se relaciona com a realidade de forma singular.

De acordo com Brandão

Mito, consoante Mircea Eliade, é o relato de uma história verdadeira, ocorrida nos tempos do princípio, illo tempôre, quando, com a interferência de entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o cosmo, ou tão-somente um fragmento, um monte, uma pedra, uma ilha, uma espécie animal ou vegetal, um comportamento humano. Mito é, pois, a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser.[iii]

Outros mais irão falar. De acordo com Campbell

A mitologia tem sido interpretada pelo intelecto moderno como um primitivo em desastroso esforço para explicar o mundo da natureza (Frazer); como um produto da fantasia poética das épocas pré-históricas, mas compreendido pelas sucessivas gerações; como um repositório de instruções alegóricas, destinadas a adaptar o indivíduo a seu grupo (Durkheim); como sonho grupal simtomático dos impulsos arquetípicos existents no interior das camadas mais profundas da psique humana (Jung); como veículo tradicional das mais profundas percepções metafísicas do homem (Coomaraswamy); e como a Revelação de Deus aos seus filhos (a Igreja). A mitologia é tudo isso. Os vários julgamentos são determinados pelo ponto de vista dos juízes.[iv]

A partir dessa simplória explanação sobre o que seria um mito podemos ter uma vaga idéia de sua abrangência e ligação com a simbologia – explicação da criação do mundo e da natureza, fantasias poéticas, sonhos grupais e arquetípicos, percepções metafísicas e revelações divinas, dentre outras coisas mais. A estrutura presente no mito abrange um sem número de histórias e situações que cativam o homem de todas as épocas e idades. E é neste campo que conhecemos a história de deuses e homens que percorriam a terra envoltos por monstros e situações que mais pareciam provações. Personagens imortais, espíritos, domínios inacessíveis a simples mortais... Etc... etc... Quem não ouviu falar de Hércules e seus feitos heróicos? Quem não quis ser Zeus e dominar o Olimpo? Isso sem falarmos das demais mitologias que podem envolver Odim, Thor e as Valquírias; ou simplesmente ver o mundo pelos olhos de Shiva.

Presentes em todas as culturas, os mitos situam-se entre a razão e a fé, mas são considerados sagrados. Os principais tipos de mito referem-se à origem dos deuses, do mundo e ao fim das coisas. Também há mitos que procuram explicar a origem da sociedade, a posição de um povo em relação aos demais, o pecado original, etc.[v]

Estes são os mitos, pertencem ao nosso mundo simbólico, nossas formas de apresentar algo de um forma diferente, singularmente explicativa. Essa é a relação entre mito e história, entre o mito e os homens, sua relação com o social, como corpo de conhecimento e vivências sedimentadas que ultrapassam gerações. Tem-se nele, e através dele, uma relação íntima entre o real e o fantástico, o vivido e o imaginado, entre os processos externos e internos do homem.



[i] Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Nova Fronteira, 1995.

[ii] CHEVALIER, Jean. Dicionário de Símbolos. José Olympio, 2000.

[iii] Brandão, Junito de Souza. Mitologia Grega Vol. 1. Vozes, 1986. Pg. 35-36. Grifos nossos.

[iv] In. XAVIER, Cristina L. M. Spawn, o soldado do inferno. Pg. 47-48

[v] Grande Enciclopédia Larousse Cultural. Nova Cultura,1998. Pg. 4019.

segunda-feira, 8 de março de 2010

ELAS!

Mauro Sérgio da Rocha

Evas, Lilithis, Marias, deusas, ninfas, donas de casa, e por aí vai... Hoje é dia delas! Não que precisasse de um dia específico, afinal, elas nos brindam todos os dias com suas belezas e graciosidades.

Por outro lado, o dia vem demonstrar o quanto ainda damos pouca importância ao feminino. Não estou falando apenas da mulher concreta, mas daquelas características que foram e ainda são ligadas ao modo feminino de ser.

Por exemplo, cuidar da casa ainda é lembrado como tarefa feminina, a delicadeza é uma característica feminina, uma mulher sozinha no bar aparenta significar que qualquer um pode se aproximar para cortejá-la... dentre outras coisas. Será que nossa sociedade aprendeu a respeitar a mulher, o lado feminino da vida?

Mesmo demarcando uma data, acredito, ainda não valorizamos o feminino. Ao contrário, pelos dados apresentados nas manchetes dos jornais podemos verificar o quanto estamos eliminando esse modo de ver as coisas. Mulheres agredidas pelos parceiros, mortas pelos maridos, maltratadas pelos filhos... Os salários mais baixos, as insinuações vulgares recebidas... O universo feminino pronto para ser fuzilado.

Buscando uma forma diferente de ver esse feminino, dentro da psicologia, percebemos que alguns autores dão voz a essas discussões, entre eles citamos Jung, santo ou demônio, como diriam alguns, e os autores que continuam trabalhando com psicologia analítica.

Esses autores atribuem um papel fundamental ao feminino, às características desse modo de ser complementar ao masculino. Por essa e outras questões alguns apontam Jung como sendo um teórico que valorizou a mulher e o modo feminino de ser, outros apontam que ele apenas confirmou a forma de pensar o feminino com características voltadas para a fragilidade e questões que exigiam menos.

Independente do que Jung realmente queria dizer colocando o feminino em questão, hoje temos novas formas de visualizar esse feminino, essa mulher da modernidade. Novos compromissos foram firmados, novas situações colocadas. Nesse jogo contínuo de vivências, as representações femininas alcançaram novos patamares que fizeram com que toda a sociedade se reestruturasse. O masculino e o feminino construíram novas formas de relação. Mesmo enraizadas, ainda, nas antigas, mesmo estas permeadas pelas sombras de um tempo que teima em se mostrar de forma bastante primitiva. Queiramos ou não, masculino e feminino, atualmente, não deveriam buscar pontos opostos do caminho, mas trabalharem na formação de um equilíbrio.

Será que é esse o pensamento da atualidade? Definitivamente, hoje, não vemos dessa forma. Mesmo nós que nos colocamos em posturas mais abertas. A raiz é mais profunda, portanto, sombria.

Acredito que um dia talvez possamos vivenciar essa realidade. Por mais liberais que sejamos ainda existe uma parte em nós que não quer ser tocada.

Entretanto, estamos abertos à discussões. Isso é bom!

Enquanto isso, vamos comemorando com nossas Mulheres, todos os dias, o dia todo. Esperando um dia em que se comemoremos a Natureza Humana.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

DIALOGANDO

O grupo PIETROS foi criado com a intenção de proporcionar um espaço de discussão sobre a obra do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung.
Neste sentido, ele se constitui como um local de aprendizagem, críticas e trocas que não possuem a intenção de elaborar uma verdade final sobre questões que abarquem a psicologia, mas sim um ambiente que possa colaborar para o conhecimento e interação com a obra deste autor e do que vem sendo estudado e aprofundado por todos que, de alguma forma, estão envolvidos com a psicologia analítica.
Neste espaço, veremos comentários, textos e opiniões sobre os mais diversos campos abarcados pela psicologia analítica.