segunda-feira, 8 de março de 2010

ELAS!

Mauro Sérgio da Rocha

Evas, Lilithis, Marias, deusas, ninfas, donas de casa, e por aí vai... Hoje é dia delas! Não que precisasse de um dia específico, afinal, elas nos brindam todos os dias com suas belezas e graciosidades.

Por outro lado, o dia vem demonstrar o quanto ainda damos pouca importância ao feminino. Não estou falando apenas da mulher concreta, mas daquelas características que foram e ainda são ligadas ao modo feminino de ser.

Por exemplo, cuidar da casa ainda é lembrado como tarefa feminina, a delicadeza é uma característica feminina, uma mulher sozinha no bar aparenta significar que qualquer um pode se aproximar para cortejá-la... dentre outras coisas. Será que nossa sociedade aprendeu a respeitar a mulher, o lado feminino da vida?

Mesmo demarcando uma data, acredito, ainda não valorizamos o feminino. Ao contrário, pelos dados apresentados nas manchetes dos jornais podemos verificar o quanto estamos eliminando esse modo de ver as coisas. Mulheres agredidas pelos parceiros, mortas pelos maridos, maltratadas pelos filhos... Os salários mais baixos, as insinuações vulgares recebidas... O universo feminino pronto para ser fuzilado.

Buscando uma forma diferente de ver esse feminino, dentro da psicologia, percebemos que alguns autores dão voz a essas discussões, entre eles citamos Jung, santo ou demônio, como diriam alguns, e os autores que continuam trabalhando com psicologia analítica.

Esses autores atribuem um papel fundamental ao feminino, às características desse modo de ser complementar ao masculino. Por essa e outras questões alguns apontam Jung como sendo um teórico que valorizou a mulher e o modo feminino de ser, outros apontam que ele apenas confirmou a forma de pensar o feminino com características voltadas para a fragilidade e questões que exigiam menos.

Independente do que Jung realmente queria dizer colocando o feminino em questão, hoje temos novas formas de visualizar esse feminino, essa mulher da modernidade. Novos compromissos foram firmados, novas situações colocadas. Nesse jogo contínuo de vivências, as representações femininas alcançaram novos patamares que fizeram com que toda a sociedade se reestruturasse. O masculino e o feminino construíram novas formas de relação. Mesmo enraizadas, ainda, nas antigas, mesmo estas permeadas pelas sombras de um tempo que teima em se mostrar de forma bastante primitiva. Queiramos ou não, masculino e feminino, atualmente, não deveriam buscar pontos opostos do caminho, mas trabalharem na formação de um equilíbrio.

Será que é esse o pensamento da atualidade? Definitivamente, hoje, não vemos dessa forma. Mesmo nós que nos colocamos em posturas mais abertas. A raiz é mais profunda, portanto, sombria.

Acredito que um dia talvez possamos vivenciar essa realidade. Por mais liberais que sejamos ainda existe uma parte em nós que não quer ser tocada.

Entretanto, estamos abertos à discussões. Isso é bom!

Enquanto isso, vamos comemorando com nossas Mulheres, todos os dias, o dia todo. Esperando um dia em que se comemoremos a Natureza Humana.

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