Não é curioso observar como algumas pessoas repetem algumas ações todos os dias de toda a vida? Uma reprodução, muitas vezes impensada de formas de ser, de se movimentar pela vida.
Pode-se pensar aqui na tão chamada “zona de conforto”, mas essa seria apenas uma forma de permanecer no já conhecido sistema de funcionamento individual. E esta chamada zona leva o sujeito a viver uma vida na qual o mesmo não se desenvolve, o que faria com que ele permanecesse neste mesmo processo?
Talvez a questão básica aqui seja qual a forma que o sujeito encontra para transitar em meio a tantas experiências no seu dia a dia. O eterno diálogo entre consciente e inconsciente fornece pistas para responder esta questão. Pensar o quanto o indivíduo se considera consciente de si ou é apenas mais um dentro de um movimento de massa que o remete a falta e desejos coletivos, torna-se fator primordial para uma resposta aceitável à essa questão. Pense o seguinte, não se fala aqui apenas de um coletivo externo, mas também de um coletivo interno que pode direcionar ações de forma imperceptível ao indivíduo.
Jung coloca em alguns escritos que quanto maior a inconsciência mais o indivíduo está sujeito a uma influência de fatores inconscientes. Esses fatores inconscientes levam o indivíduo a permanecer em alguns padrões reconhecíveis em si. É como se ele não saísse de sua condição. E aí, aos olhos mais apurados, essas pessoas permanecem repetindo atitudes, rituais, práticas, vivências.
Não se questiona aqui a necessidade de uma certa repetição e padronização no decorrer da vida. Propõe um reflexão, sim, sobre a permanência desta condição. As estruturas mudam, se transformam, o macro reproduz o micro e vice-versa. ‘
Dependendo do padrão de repetição adotado a pessoa, muitas vezes, culpabiliza o Outro como responsável por suas dificuldades e obstáculos da vida. “A política brasileira é uma corrupção só.” Ouvi um senhor falar. Quando questionado sobre quem faz a política, quem vota e quem deveria cobrar, murmurou algo e continuou sua reclamação. “Estou gorda, feia, velha.” Diz uma mulher que não se vê próxima dos 40. E então, como se cuidar? E ela prefere pagar pela beleza ao invés de mudar seus hábitos alimentares e vida desregrada. As pessoas querem, atualmente, ter consciência? Querem, realmente, encontrar meios para transformarem suas vidas? Ou querem apenas continuar em seu mundo de ilusões “saudáveis” proporcionadas pela satisfação dos desejos do Eu?
O simples mostra-se um rico material para observar as repetições e padrões nos quais um sujeito transita. E isso em tudo. É claro, todos temos alguns padrões. A questão é: estamos conscientes deles?
O erro não está em repetir... O erro está em não saber que se repete.
Quando todos os dias estiverem iguais... se pergunte quando você está acordado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário