domingo, 15 de abril de 2012

ONDE ESTÃO OS PAIS...


Está cada vez mais engraçado pensar o masculino. Principalmente quando este é discutido sem sua contraparte. Pense, o masculino só existe quando reconhecido frente ao feminino. Não há como discutir um sem a relação/interferência do outro. Esse ponto aparece como algo que, ainda, gera muitos descompassos.
E já repararam que essas discussões levam em relação o casal muito mais do que a paternidade e a maternidade? Como é o pai e a mãe da atualidade? Construtores das “novas” relações.

Sim! O masculino e o feminino se transformaram, e se transformam constantemente, pois estão vivos. Mas quais os reflexos disso nas famílias? Família que até então trabalhava com a idéia de papai - mamãe - filhinhos e hoje essa constituição se abre às possibilidades.
Mas o foco neste momento é tentar pensar o pai sem esquecer essas outras relações. Ver esse pai moderno, através da figura de um masculino que é tomado muitas vezes, nos dias de hoje, como confuso, afeminado, carente. Sem deixar no esquecimento essa complexidade social que o rodeia e nem o processo de continuidade.
Percorrendo alguns locais nas grandes metrópoles pode-se encontrar uma imagem que transmite a ideia de que esse pai aceita com naturalidade ser guiado pela mãe. Diga-se de passagem, às vezes, as duas e, não raro, as três.
Aparentemente ele se deixa levar por esse feminino maternal pegando para si, também, essas características que, neste processo de paternidade, acredita ser importantes.
O masculino se desmancha sob este outro lado muitas vezes sem perceber sua condição. É como se ele se diluísse nesse mar. E, talvez, seja este o ponto que trará uma problemática sobre o masculino adulto. Não há como desmembrar o masculino e o paterno dentro da perspectiva psíquica e, portanto, não há como imaginar algo descontínuo entre estes dois movimentos. “O filho de hoje será o pai de amanhã” dirão alguns, “O aprendiz que se torna mestre” dirão outros.
No desejo de ser o melhor pai, o masculino de nosso tempo acredita que encontrará respostas naquilo que ele imagina ser a melhor fonte de conhecimento: a maternidade. Afinal, quem melhor para cuidar e proteger o novo ser? É um pensamento lógico, próprio de qualquer mente em estreita relação com a razão. Essa ação o leva ao encontro do que para ele é um manual que deve ser seguido literalmente.
Talvez seja nesta circunstância que se observa pais amorosos, cuidadosos e dedicados se esparramarem pelas cidades. Talvez, ao observar de forma mais profunda, possa se ver um reflexo das mães que o circundam.
Não cabe aqui o julgamento de que isto é algo positivo ou negativo, correto ou incorreto. Cada um tem as suas ferramentas para trabalhar com os conteúdos que vão surgindo. Todavia, vale um apontamento. Retornemos a alguns parágrafos acima, no qual o masculino não se percebe neste movimento ligado ao feminino. É como se, nesta situação que se apresenta, quando não percebida em sua potencialidade original, ninguém tomasse uma posição que referendasse a lei e o veto do patriarcado. A lei matriarcal, neste sentido, continuaria regendo o processo. Isso não daria abertura ao aparecimento natural da organização patriarcal. Talvez essa relação com o feminino durante sua formação e não através de um evento fortemente carregado energeticamente pudesse encaminhar de forma mais tranqüila esse conteúdo, essa relação. Fala-se aqui da possibilidade de contato com o feminino não apenas externamente, mas também dessa potencialidade feminina interna: o homem e seu feminino interiorizado.
Parte-se aqui da premissa de que uma vez que este masculina tenha, desde a infância a possibilidade de contato com essas dicotomias, internas e externas, pode-se chegar a uma paternidade mais tranqüila e natural, não tendo ele que recorrer aos ditames externos, pegando emprestada esta ou aquela característica. Neste sentido, ele poderia reconhecer suas próprias reações, seu próprio modo de ser e agir como pai que compreende seu próprio maternal.
Talvez seja esta questão que se coloca quando o foco é a explanação do modo masculino na atualidade. O masculino está confuso ou seria o processo de desenvolvimento  que se confunde com a necessidade de aceitação pelo e do feminino? Responder essa questão se confunde com a explicação de outras colocações psicológicas que informam sobre o feminino, a criança, o adolescente, a família, a sociedade... O universo. Todavia, justamente o questionamento e a reflexão sobre tais fatores levarão à novas assertivas.
Com isto também deve-se pensar que não existe em definitivo um modo errado ou certo de ser pai. Existe sim vários modos de se trabalhar com estes conteúdos. Possibilidades a serem exploradas. Estas podem e devem se apresentar ao sujeito da forma mais natural e consciente possível, desprendidas de modos rígidos, desprendida de conceitos vinculados a estados de gênero, mas que contemplem e reflitam sobre vivências.

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