Quem é esse que, não poucas vezes, faz com que o sujeito cometa “loucuras”?
Quem faz com que o sujeito saia de seu estado “normal” e caia em armadilhas que podem levá-lo à caminhos incômodos e vexatórios?
Quem é esse que sussurra coisas interessantes que fazem pensar e, também não poucas vezes, tiram de enrascadas?
Quem é esse que deseja, algumas vezes diferente de nossos desejos?
Que quer diferente do querer do sujeito.
Viver se torna complica quando temos um outro sujeito dentro de nós mesmos e não percebemos. Alguém, uma voz, uma imagem, que interage sempre com o Eu. Veja, sempre interage. Quer queira ou não, ele (às vezes eles) está logo ao lado, ou ao centro.
O Eu, sentindo-se todo poderoso, acredita ter total domínio sobre a personalidade. Em alguns momentos ele tem, mas isso passa no momento em que algo mais profundo é tocado. Neste exato momento algo é mexido, afetado. Neste momento se percebe que não se tem domínio total das coisas. Aí aparecem as ações “sem pensar”, as futuras “ressacas morais”, as vozes que nos indicam caminhos, etc. Não há nada de positivo ou negativo nestas situações. Há apenas um aprendizado e uma chamada à uma consciência mais ampliada.
Mas muitas vezes o Eu não se permite vivenciar essas conversas ou percepções de que algo pode seguir por outros caminhos. O Eu não quer perder seu domínio, não quer perceber que ele é apenas um dentro de algo muito maior. Pense, isso seria assustador. Quando o Eu percebe que ele não é toda a personalidade, mas apenas o portador de consciência, pode ocorrer uma desestruturação. Pode pois é justamente esse reconhecimento que leva o Eu aos pontos mais integrados de consciência.
Então, o que fazer com esse outro (ou outros)? Não há resposta pronta. Há apenas a necessidade de se ter relação. Essa “coisa” interna que não é o Eu, que não satisfaz as vontades do Eu e muitas vezes até o interrompe ou leva à outros caminhos, é também uma aliada. Seria como um parceiro interno. Algo que pode ensinar muito sobre o que somos. Neste sentido o Eu pode aprender sobre si e sobre sua relação com a Natureza.
Na pior das hipóteses, encontra-se um “alguém” para dialogar.
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